As políticas ESG (meio ambiente, social e governança) estão pouco-a-pouco se tornando status quo nos ambientes corporativos na maioria das grandes economias do mundo.
O comprometimento com os três pilares faz com que as empresas, além de acompanharem a grande revolução tecnológica do mundo, se preocupem com agendas voltadas para a sociedade e de políticas mais sustentáveis.
No Brasil, porém, esse comprometimento está em uma taxa baixa. É o que indica uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha e a consultoria Na Rua.
A metodologia da pesquisa contou com entrevista com mais de 260 empresas, e cinco perfis foram traçados: desconfiado, distante, iniciado, emergente e avançado.
4,2% das companhias possuem um perfil desconfiado, isto é, encaram a pauta com ceticismo e acreditam que a implementação de políticas ESG pode atrapalhar nos resultados.
De acordo com os dados, 35% das companhias brasileiras se encaixam no perfil distante, isto é, estão longe das boas práticas de políticas ESG. Algumas delas, inclusive, confundem ESG apenas como políticas sustentáveis.
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Para o vice-presidente da Anbima, Carlos Takahashi, porém, as pautas de sustentabilidades só devem aumentar no Brasil:
“A sustentabilidade não é um tema novo no mercado, no entanto, com a pandemia de covid-19, ganhou tração por conta da mudança da percepção de risco dos investidores. Esse movimento é positivo e, sem dúvida, ajudará a alavancar essa pauta”, disse Takahashi, que também é coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade da Anbima.
Enquanto isso, 32,1% das empresas se encaixam no perfil de iniciado, isto é, possuem noções básicas e aplicam medidas ESG simples, como a coleta seletiva de lixo.
As empresas que já implementam as políticas ESG de forma robusta, as emergentes, correspondem a 21,5% das companhias. Apenas 6,8% das empresas entrevistas enxergam as políticas ESG como essenciais no modelo de negócios.
Embora os números indiquem que a caminhada brasileira para um ambiente corporativo sustentável ainda deve ser longa, para o vice-presidente da Anbima, o baixo número de empresas desconfiadas surpreendeu:
“Eu, pessoalmente, achei que o desconfiado ia ter um número maior, porque muitas empresas pensam ‘poxa, eu incorporo os fatores ESG, mas como fica o meu dever com o investidor em entregar o retorno que ele espera?'”, disse ele.
Imagem: Shutterstock