Após dois dias de reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira (04) a elevação da taxa Selic para 12,75% ao ano. Com a decisão, unânime, a taxa básica de juros brasileira chegou ao seu décimo aumento consecutivo.
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A ‘super quarta’ também foi marcada pelo aumento dos juros nos Estados Unidos por parte do Federal Reserve, cujo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) proporcionou o maior reajuste nos juros do país em 22 anos.
O aumento no valor da Selic foi decidido na 246ª reunião do Copom, realizada entre ontem (03) e hoje. A elevação da taxa, novamente em um ponto percentual, vem na esteira da persistência da inflação no Brasil. No acumulado dos últimos 12 meses até março, a inflação brasileira já soma 11,30% e, caso confirmadas as projeções do IPCA-15, os dados de abril também devem mostrar uma aceleração na alta dos preços.
A Selic esteve na sua mínima histórica de 2% ao ano entre agosto de 2020 e março de 2021, como forma de estimular o consumo e conter os impactos da pandemia de Covid-19 na economia brasileira. Desde março do ano passado, o Copom vem aumentando de forma agressiva os juros para tentar frear a inflação, que vem em escalada desde o início do ano passado.
Segundo o comunicado publicado no site do Banco Central, o cenário internacional segue sendo um grande fator de preocupação também.
“O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes”, apontou em nota o BC.
Seguindo o cenário de referência, a entidade estima que o ciclo de aperto monetário ainda não se encerrou, projetando que a taxa de juros continue a subir no país. O comunicado da 246ª reunião do Copom não divulgou, no entanto, projeções para a Selic ao final de 2022 e 2023.
No que tange a inflação, o Copom projeta que o IPCA feche em 7,3% em 2022 e 3,4% em 2023. Este ‘cenário de referência’ citado pelo Copom considera uma taxa de câmbio do dólar em aproximadamente R$ 4,95.