A pandemia de COVID-19 trouxe danos severos à economia global e à população trabalhadora dos países. Enquanto que o fechamento do comércio e aplicação de medidas restritivas provocou até encerramento de atividades de inúmeras empresas no Brasil, outros setores sentem no bolso as consequências trazidas por uma economia instável.
De acordo com a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), desde o início de 2020, mais de 25% dos motoristas de aplicativos, como Uber e 99Taxi, desistiram da profissão informal.
O principal motivo da desistência é a alta dos combustíveis nas refinarias. A gasolina é fundamental para motoristas de aplicativos, que chegam a abastecer várias vezes na semana.
Desde o início de 2020, os combustíveis sofreram reajustes nas refinarias nove vezes, chegando a acumular alta de 51%. No primeiro reajuste do ano, a gasolina estava custando R$ 1,84 por litro. De acordo com o último reajuste anunciado pela Petrobras no início de agosto, este valor é de R$ 2,78 hoje.
Segundo a estatal, o aumento se deve por conta da variação do preço do petróleo no mercado internacional.
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IBGE: inflação acelera e sobe quase 1% em julho
Atualmente, os combustíveis e a energia elétrica representam as maiores altas da inflação brasileira, o IPCA. De acordo com a última publicação do IBGE, a inflação já acumula 8,99% nos últimos 12 meses.
Conforme a pesquisa destaca, apenas os combustíveis aumentaram 1,24% de junho para julho. No caso da gasolina, a alta é de 1,55%.
Com as suscetíveis altas, desconsiderando todos os outros efeitos trazidos pela inflação acima do normal, um motorista que costumava colocar R$ 100 por dia, por exemplo, passa a precisar desembolsar R$ 150 para arcar com os gastos.
O cenário, portanto, é de extrema preocupação para um setor que depende quase que integralmente da variação dos preços dos combustíveis nos postos de gasolina. Para o presidente da Amasp, Eduardo Lima, quem perder essa fonte de renda fica muito prejudicado e acaba não conseguindo pagar as prestações.
“Com isso, tem que devolver o veículo ou partir para vendas. Muitas das vezes também prejudica o nome, que fica com restrições”, disse ele à CNN Brasil.
Foto: Reuters / Divulgação