Na noite de ontem (17), após o fechamento da Bolsa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou que decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 2,75% ao ano, um aumento de 0,75 ponto percentual em relação ao patamar anterior. A Selic, taxa básica de juros, estava em 2% ao ano, o menor valor para a taxa desde o início da série histórica, em 1986.
A decisão foi tomada na 237ª reunião do comitê, a segunda no ano de 2021, realizada entre terça (16) e quarta (17), e foi a primeira vez que a taxa de juros básicos subiu desde julho de 2015, quando a taxa foi elevada em 0,50 ponto percentual e chegou a 14,25% ao ano na ocasião.
Em queda desde 2016, a Selic chegou aos 2% em agosto do ano passado como resposta à crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19. Com a taxa de juros em sua mínima histórica, porém, a inflação ganhou força de forma descontrolada, acima das expectativas da equipe econômica do governo.
A Selic é usada como referência, por exemplo, para o rendimento da caderneta de poupança, modalidade de investimentos mais popular entre os brasileiros – ao menos 80% da população afirma ter pelo menos parte das suas economias guardadas na poupança. O rendimento da caderneta em 2020 foi de 2,11%, enquanto o IPCA, resultado direto da baixa taxa de juros básicos. Com a inflação fechando 2020 em 4,59%, o dinheiro guardado pelos brasileiros na poupança, na verdade, se desvalorizou ao longo do ano.
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Na reunião anterior, realizada em janeiro de 2020, o Copom havia decidido pela manutenção da Selic em 2% ao ano. Na mesma reunião, o comitê do BC decidiu extinguir a estratégia de forward guidance na política monetária brasileira, indicando que a entidade já poderia estar projetando um aumento da taxa de juros na reunião de março. O aumento confirmado, porém, foi superior ao esperado pelo mercado, que projetava elevação da Selic para 2,5% ao ano.
Em nota, o Banco Central apontou que o cenário do combate à pandemia no Brasil e no mundo deu margem para a elevação da Selic. “No cenário externo, novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos, unidos ao avanço da implementação dos programas de imunização contra a Covid-19, devem promover uma recuperação mais robusta da atividade ao longo do ano. A presença de ociosidade, assim como a comunicação dos principais bancos centrais, sugere que os estímulos monetários terão longa duração”, afirmou.
No que diz respeito ao cenário doméstico, o BC destacou que os últimos indicadores econômicos, em especial a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2020, indicam uma recuperação consistente da economia brasileira nos últimos meses. “Essas leituras, entretanto, ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos de Covid-19”, apontou o BC. Nesta semana, o Brasil ultrapassou a marca de 285 mil mortes por Covid-19, com a média móvel de mortes ficando acima de 2 mil óbitos pela primeira vez desde o início da pandemia.
O Banco Central afirma ainda que o aumento dos preços das commodities no mercado internacional e a consequente pressão dos mesmos na inflação também foi um dos motivos que levou o Copom a elevar a taxa de juros básicos. “Apesar da pressão inflacionária de curto prazo se revelar mais forte e persistente que o esperado, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue atento à sua evolução”.
No cenário atual, de acordo com o último Boletim Focus, as projeções da inflação para os anos de 2021, 2022 e 2023 estão em 4,6%, 3,5% e 3,25%, respectivamente. Usando essas projeções e considerando o dólar cotado a R$ 5,70, o Copom espera que a Selic encerre 2021 em 4,5% ao ano. Para 2022, a projeção é que a taxa de juros encerre o ano em 5% ao ano.
Imagem em destaque: Agência Brasil / divulgação
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