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Poupança: entenda por que você deve largar a caderneta

4 Minutos de leitura

A caderneta de poupança é o investimento mais popular do Brasil. A poupança foi criada em 1861 pelo imperador Dom Pedro II, ou seja, tem 160 anos de história e foi a primeira forma de investimento amplamente difundido no mercado brasileiro. 

Desde sua concepção até hoje em dia, o objetivo primário da caderneta sempre foi possibilitar à população uma forma prática para a construção de uma reserva de emergência. Sem nenhuma dúvida, a poupança é um case de sucesso, já mais de 80% dos brasileiros afirmam possuir economias guardadas na caderneta. 

A praticidade, segurança e liquidez da poupança são os grandes trunfos da aplicação. Com possibilidade de resgate imediato a qualquer momento e coberta pelo Fundo Garantidor de Crédito, a poupança ainda tem uma legião de adeptos. 

Em tempos de grande volatilidade no mercado da renda variável, principalmente no mercado de ações, muitos investidores moderados ou conservadores acabaram migrando pra posições mais seguras com objetivo de proteger a carteira. Com essa aversão ao risco na Bolsa e com os depósitos do Auxílio Emergencial durante a pandemia de Covid-19, a caderneta chegou à marca de R$ 1 trilhão em setembro de 2020, inédita até então. 

Mas você pode estar se perguntando: se a poupança é prática, segura e tem liquidez imediata, qual o problema? O problema é que a poupança paga um retorno muito baixo e muito inferior a diversos investimentos tão seguros quanto e com liquidez imediata disponíveis no mercado. 

Desde dezembro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic para 9,25% ao ano, o cálculo de rendimento da poupança mudou. Com a taxa básica de juros igual ou superior a 8,5% a.a., o rendimento da poupança passa a ser de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) + Taxa Referencial (TR, atualmente zerada). 


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Com Selic a 9,25% o cálculo da poupança mudou; veja quanto está rendendo a caderneta


Essa mudança no cálculo faz com que os rendimentos reais da poupança sejam inversamente proporcionais à Selic. Ou seja, quanto maior a Selic (atualmente em 10,75% ao ano), pior o rendimento da poupança, uma vez que a mesma está presa ao rendimento de 6,17% ao ano. 

Mas não se engane, não foi a mudança do cálculo que fez a poupança render pouco, ela apenas piorou o cenário. Ao longo de 2021, onde a poupança passou a maior parte do tempo rendendo 70% da Selic, o rendimento acumulado da caderneta foi de 2,48%, enquanto o IPCA, índice de referência da inflação no Brasil, ficou em 10,06%. 

Isso quer dizer que, se você colocou R$ 100 na caderneta de poupança no dia 1º de janeiro do ano passado, esse dinheiro se tornou R$ 102,48 ao final do ano. Enquanto isso, você precisaria, em teoria, de R$ 110,06 para comprar as mesmas coisas que você comprava com R$ 100 no dia 1º de janeiro de 2021. 

Na prática, a caderneta teve um rendimento negativo de 7,58% ao longo de 2021, ou seja, você perdeu dinheiro enquanto ele estava na caderneta. 

E não se deixe ser seduzido pelos “trunfos” da poupança. Como dito anteriormente, você pode aplicar seu dinheiro em investimentos tão seguros, práticos e com a mesma liquidez imediata. 

Se você está procurando investimentos mais conservadores com rendimento real no médio e longo prazo, pode considerar colocar seu dinheiro em algumas formas de investimentos que podem te garantir, ao menos, um acompanhamento da inflação. 

O Tesouro Direto, por exemplo, é o investimento mais seguro disponível no mercado, já que são títulos emitidos pelo próprio governo federal. A Previdência Privada, uma alternativa que se popularizou nos últimos anos, pode ser isenta de Imposto de Renda, assim como a própria caderneta de poupança. 


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Quer sair da poupança? A Smart Money te ajuda 


E se você não tem objetivos a médio e longo prazo ou já investe e usa a poupança apenas como reserva de emergência, também pode ser uma boa ideia mudar de aplicação. Diversos bancos digitais e aplicativos de pagamento atualmente oferecem rendimentos de, pelo menos, 100% do CDI no dinheiro que você mantém nas suas respectivas plataformas. 

A Taxa DI, usada como referência para os Certificados de Depósito Interbancário (CDI), historicamente acompanha a Selic com uma margem de diferença na casa de 0,10 p.p., ou seja, você consegue criar uma reserva de emergência que paga aproximadamente 100% da Selic em diversos lugares, enquanto a poupança vai lhe pagar no máximo 70% da taxa básica de juros. 

Isso já dá uma diferença de quase 50% no rendimento da sua reserva de emergência, mas essa diferença fica ainda maior quando a Selic ultrapassa os 8,5% ao ano. E não para por aí! 

Na poupança, seu dinheiro guardado tem rendimento mensal, ou seja, ele precisa fazer um “mesversário” para que você tenha o seu ganho de capital. Enquanto isso, a grande maioria dos apps de pagamento e bancos digitais oferecem rendimentos diários e de até 110% do CDI em alguns casos. 

A poupança tem seus pontos fortes, é verdade. Mas os mesmos não justificam mais você manter seu dinheiro na caderneta, uma vez que diversos produtos surgiram no mercado oferecendo as mesmas vantagens com rendimentos reais enquanto a mesma ficava cada vez mais desvalorizada com o tempo. Por isso, a medida mais recomendada por diversos especialistas é que você evite ao máximo deixar seu dinheiro guardado na poupança, pois ele estará na verdade se desvalorizando. 

Guilherme Guerreiro

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