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Dá para lucrar pensando em ESG?

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Nesta sexta-feira (22) foi comemorado o Dia da Terra, data importante de conscientização sobre o nosso planeta e as políticas de sustentabilidade que visam mitigar os efeitos do aquecimento global e desmatamento das florestas. 

É um dia marcado por pautas ambientais urgentes, como barrar o aquecimento dos polos, diminuir o volume de sujeira jogada em massa nos oceanos e a busca por fontes energéticas renováveis. 

O Dia da Terra foi uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que através de uma resolução passada na Assembleia Geral cunhou o feriado em 2009. Desde 1972, porém, as pautas importantes de sustentabilidade são estudadas pelos países. 

A data é importante para nós, indivíduos, pensarmos sobre como podemos contribuir para um mundo mais sustentável, mas é também um dia de reflexão para as empresas que já enxergam essas políticas como prioritárias, e melhor ainda, lucrativas. 

Dá para lucrar pensando em ESG? 

Você com certeza já ouviu falar de ESG (environmental, social, governance), que significa a aplicação de políticas e alocação de recursos voltados para as práticas sustentáveis, pautas sociais e governança. O termo existe desde os anos 70, mas foram nas últimas décadas que esse conjunto de ações dominou o ambiente empresarial. 

Antigamente, pensar em sustentabilidade não era exatamente correlacionado com lucros altos. Hoje, porém, a história já é bem diferente. 

“Hoje, os consumidores buscam mais por empresas com práticas e selo ESG pela responsabilidade social”, diz Pietro Busellato, assessor de Investimentos da Messem. “O consumidor molda o mercado, e a empresa que não se adaptar fica para trás”. 

Uma empresa que pensa em políticas sustentáveis, práticas sociais e uma forte governança atraem não só consumidores, mas também o mercado de investimentos. Afinal, como afirma Busellato, os dados dessa empresa provavelmente são mais claros e a rentabilidade tende a ser maior. 

No Brasil, isso pode ser visto em dados. Em março, o principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa, subiu 6%, impactado pelo recente ‘boom’ das commodities. O que você talvez não soubesse é que existe hoje na B3 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), fundado em 2005, o quarto maior do mundo sobre o tema. Em março, esse índice subiu acima de 7%. 

“Isso tem tudo a ver com o comportamento do consumidor, que se preocupa mais com isso”, diz Busellato. “Em uma visão de longo prazo, essas empresas com política ESG vão se sustentar melhor”. 

O Brasil também é destaque na compra dos chamados tokens de energia verde no mundo das criptomoedas. Hoje, somos o segundo país que mais investiu nesses certificados de sustentabilidade, ficando atrás somente da China. 

Recentemente, um levantamento da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), publicado pelo jornal Valor Econômico, mostrou um aumento de 74% no número de fundos de ações relacionados às políticas ESG considerando o intervalo de 2008 a 2022. 

As políticas ESG são, portanto, cada vez mais importantes no mundo corporativo. Hoje, dá para dizer que elas são um pré-requisito fundamental para a construção de uma empresa com transparência de dados, boa lucratividade, pensamento em longo prazo e interessante nos olhos dos consumidores e investidores. 

No Brasil, carência e oportunidade 

Mesmo com avanços significativos, o comprometimento no Brasil ainda é mais baixo que a média. De acordo com uma pesquisada Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) de janeiro deste ano, 35% das 260 companhias estudadas se encaixam no perfil distante, isto é, estão longe das boas práticas de políticas ESG. Algumas delas, inclusive, confundem ESG apenas como políticas sustentáveis, sem a valorização social e de governança. 

“No Brasil, o ESG não é tão disseminado porque não existe, por exemplo, reforço na legislação”, diz Busellato. “É importante a criação de métricas que as empresas precisam bater para se enquadrarem nesse modelo”. 

A falta de aplicação de políticas governamentais para a promoção de práticas ESG acaba facilitando o chamado greenwashing: empresas que ‘se pintam de verde’ quando se comunicam com investidores e consumidores, quando a realidade é muito diferente. 

Essa carência brasileira, porém, possui todos os sinais para virar uma grande oportunidade. Para o assessor da Messem Investimentos, a carência por legislações focadas em ESG pode virar uma ferramenta para o Brasil buscar esse investimento estrangeiro. 

Quero investir em ESG. Por onde começo? 

Busellato acredita que para o investidor iniciante, a melhor maneira de investir em empresas focadas em políticas ESG é buscando o aconselhamento profissional de um gestor de fundo. Assim, seu patrimônio é devidamente acompanhado e alocado. 

Corretoras como a XP Investimentos também possuem fundos específicos para as novas tendências do mercado. A família de Fundos Trend, por exemplo, dá a oportunidade de investir em diversos produtos de Renda Fixa, ações, moedas e commodities com uma aplicação inicial pequena e uma alta liquidez. 

Existem também os Exchange Traded Fund (ETF) voltados para produtos que possuem critérios ESG. 

“O nosso dinheiro possui uma função”, aponta Busellato. “Quando você investe em empresas que retribuem para a sociedade, a gente está ganhando também”. 

Juan Tasso - Smart Money

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