Para onde olhamos, é possível ver o impacto das taxas de câmbio no nosso dia a dia. O valor do real no mercado internacional influencia diretamente a balança comercial e o preço de produtos importados ou exportados.
Quando o dólar, por exemplo, está cotado a um valor muito alto, empresas brasileiras com mercado no exterior podem exportar seus produtos, uma vez que isso trará um faturamento maior do que vender para o mercado doméstico. Por outro lado, se a empresa está ganhando mais para exportar seu produto, o mercado interno precisa pagar mais pelo mesmo. Produtos importados, como componentes de computador ou aquele acessório pro seu celular comprado direto do fabricante, também ficam mais caros.
Agora, quando o dólar está baixo, o custo das importações diminui e ajuda a manter os preços no mercado interno mais controlado, ainda que as empresas exportadoras acabem faturando menos com suas vendas para o exterior.
No mundo dos investimentos, também é de suma importância se manter atento aos movimentos das taxas de câmbio. O valor do real no mercado internacional pode afetar diretamente o desempenho de uma empresa, traduzindo também em uma oscilação nos preços de ações e no pagamento de dividendos por parte das companhias.
Desde o início da pandemia, vimos o dólar pular para valores próximos aos R$ 6, fazendo com que operar na moeda norte-americana (e tantas outras) ficasse praticamente inviável para empresas e indivíduos com faturamento em real. Agora, com o real mais valorizado no mercado internacional, um questionamento começa a se tornar cada vez mais relevante no mundo das finanças: está na hora de comprar dólar?
Para Vinicius Teixeira, sócio e head de Growth na Messem Investimentos, essa é a “pergunta de um milhão de dólares”. Segundo ele, no entanto, a compra de um ativo como forma de investimentos deve ser pautada de acordo com o tamanho da necessidade de internacionalização de uma carteira.
Investimentos no exterior, indexados a outras moedas e outras economias, são uma forma de neutralizar o famoso ‘Risco Brasil”, ou seja, de ter parte da carteira de ativos totalmente isolada do mercado brasileiro e sua volatilidade.
“Se tem uma crise ou algum tipo de problema econômico no Brasil e o investidor está 100% posicionado em ativos nacionais, esses fatores impactam em 100% da carteira do mesmo”, aponta. Segundo ele, o timing do câmbio pode gerar oportunidades, mas não é o fator de maior influência pra determinar se, ou quando, o investidor deve alocar seu capital em ativos internacionais. Para Vinicius, o momento de se investir no exterior é “sempre que aparecer a oportunidade de diversificar”.
“Isso tudo traz mais segurança para a carteira. E obviamente, em momentos pontuais onde o dólar cai mais forte podem ser a oportunidade para um adicional nos ganhos, mas ela não pode balizador central da decisão de levar o recurso para fora”.
Para aqueles que estão buscando aproveitar uma janela de oportunidade para ter esses ganhos opcionais, o momento atual pode ser bom para investir fora do Brasil. Pâmela Taubner, head de câmbio da SM Open Bank, o momento é “favorável e interessante” para a compra de moedas fortes, como o dólar e o euro.
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No que diz respeito a possibilidades, não faltam alternativas para investir o seu capital no exterior. “Pode ser por meio da moeda física e até mesmo por fundos de investimento, mas também há aqueles que querem investir através do mercado futuro, comprando contratos de dólar e especulando com relação à oscilação”, aponta Pâmela.
“A compra da moeda física se torna mais interessante para aqueles que estão pensando em utilizar para uma viagem ou algo do gênero, porém quando a ideia é investir em moeda para aproveitar o preço e obter um ganho, existem outras formas de investir, como fundos cambiais e o mercado futuro”.