Entrevistas

Para Nelson Ramalho, fundador da Mule Bule, o setor de eventos deve ter um 2022 superior aos níveis pré-pandemia

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O setor de eventos foi, talvez, o mais prejudicado pela pandemia da Covid-19. Com as medidas de distanciamento social necessárias para limitar o avanço da Covid-19, muitas empresas viram seus negócios praticamente evaporar. 

Esse é o caso da Mule Bule A&B, maior empresa de catering do sul do Brasil, que passou de mais de 600 eventos em 2019 para apenas 30 em 2020 – ano em que a pandemia do novo coronavírus foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Na nossa entrevista exclusiva desta semana, conversamos com Nelson Ramalho, fundador da Mule Bule. O empresário falou sobre a sua trajetória da Mule Bule o impacto da pandemia no setor e muito mais. 

O ENTREVISTADO 

“57 anos, mas eu uso Vans”, assim Nelson Ramalho se apresentou quando conversamos. Trabalha no setor de alimentação desde 1990, quando abriu a sua primeira cafeteria na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. 

Em 2004, entrou para o setor de eventos ao fundar a Mule Bule junto aos seus sócios, empresa que desde então se tornou um dos “grandes players do setor”, como ele mesmo fala com orgulho. 

A MULE BULE 

Maior empresa do setor de Alimentos e Bebidas (A&B) da Região Sul do Brasil, a Mule Bule hoje atende no país inteiro com serviços diversos. O catering, o carro-chefe da operação é um deles, com serviços tanto em eventos como para hotéis. 

Apesar de ter sido fundada em 2004, a história da Mule Bule começou a se desenhar muito antes disso, no ano de 1994. “Eu tinha a operação, como falei, montei uma cafeteria em Novo Hamburgo e um dos meus clientes era o Milton Killing, dono das Tintas Killing. Um dia ele me provocou, (perguntou) se eu não montaria uma cafeteria no estande dele na FIMEC, a feira de máquinas e equipamentos, uma feira referência a nível mundo”, conta. 

A experiência na FIMEC, segundo Nelson, foi muito positiva, as máquinas de cafés com diferentes tipos de preparo da bebida fazendo grande sucesso. A partir dali, Nelson começou a notar que o mercado de catering, principalmente no âmbito corporativo, era muito deficiente de novas ideias, novas apresentações. 

“Na década de 90, um evento era muito simplório. As apresentações, os garçons, tudo era de uma maneira muito diferente do que é feito hoje. Comitantemente com isso, eu fui convidado por um amigo a ir a um show de lançamento da Forum, uma coleção nova, que ia ser feita na Estação da Luz”, conta. 

“Cheguei lá, um evento totalmente diferente do que eu imaginava. Atendentes jovens, parte de fingers e comidas totalmente diferente do que eu via aqui, dos famosos canapés. A apresentação das bebidas, tudo,” aponta Nelson. “Eu disse: vou levar isso pro Rio Grande do Sul, e assim a gente começou. Em 2004 eu montei o Mule Bule, já com essa marca, e de lá pra cá a gente vem galgando passos fortes e hoje podemos dizer que somos uma das dez maiores empresas de catering do país.” 

E para aqueles que não estão familiarizados com o termo, Nelson explica o que é o catering. “O catering é uma expressão, como tantas outras que nós utilizamos no nosso dia a dia, que são expressões internacionais, são nomenclaturas internacionais. Catering é nada mais do que o serviço a algum lugar, a entrega de uma alimentação, de um produto em lugar remoto”, explica. 

“Em uma inauguração de um shopping, você precisa de um catering, uma empresa que faça o sistema de buffet, também chamado assim, onde ela monte as áreas de alimentação, monte as cozinhas remotas. Uma inauguração é um momento festivo, é um momento de confraternização, onde a alimentação faz parte, e nós fazemos isso. A nossa especialização é essa entrega, a entrega de alimentação”. 

Além do catering, a empresa também trabalha com serviço de Store in Store, operações de alimentação dentro de empresas. Entre os clientes, a Mule Bule conta com grandes empresas como Toyota e o banco Santander. 

“A parte dos eventos é o nosso forte, o nosso maior benchmark é o catering de grandes eventos. Pequenos também, mas (contamos) com uma especialidade muito forte em grandes operações, de 5, 10, 12 mil pessoas”, aponta Nelson. 


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IMPACTOS DA PANDEMIA 

E essa área de grandes eventos, segundo o empresário, foi justamente a mais afetada pela pandemia de Covid-19. “O nosso mercado não diminuiu, ele evaporou, ele deixou de existir”, aponta Nelson. 

“No dia 12 de março de 2020, nós tínhamos 7 ou 8 eventos acima de 2500 pessoas (marcados). 20 anos do Agibank, com 2500 pessoas, show do Jota Quest”, conta Nelson. “Esses eventos todos começaram a ser cancelados como se fosse, realmente, uma praga, foi morrendo um por um. Os eventos cessaram de uma hora pra outra. Em 2019 nós fizemos 650 eventos, em 2020 nós fizemos 40, sendo que 30 deles foram feitos até fevereiro. Foi terrível”, explica. 

Com capacidade financeira para conseguir suportar o “rojão” da pandemia, o principal objetivo durante a pandemia para Nelson foi manter a sanidade e união do grupo de colaboradores da Mule Bule. “A gente inventou. A gente doou comida, fez comida remota para empresa, fez o Be a Chef, uma marca maravilhosa”, aponta Nelson. 

“Eu fiz uma metáfora pro pessoal. Vamos imaginar que nós fomos presos, nós estamos trancafiados. A gente tem duas alternativas, a gente chora e fica lamentando que a comida é ruim, que a gente tá preso, ou a gente come o que nos servirem, porque a gente precisa de comida, bebe e se exercita”, explica o empresário. 

E esse exercício constante, através de projetos alternativos, foi o que manteve a equipe da Mule Bule “em forma” para que todos estivessem preparados no momento de retomada da demanda. “A resiliência, a vontade e principalmente a valorização do grupo que trabalha (contigo), são os principais pontos para fazer uma empresa sobreviver nesse período de pandemia”. 

O SETOR DE EVENTOS HOJE E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO 

Nelson conta ainda que, infelizmente, não foi possível manter todos os funcionários da Mule Bule durante o período de pandemia e que houve demissões. No entanto, o empresário conta que, felizmente o “núcleo forte” conseguiu ser mantido e que, com o trauma superado, a empresa conseguiu sair da pandemia ainda mais forte do que era anteriormente. 

“Hoje nós temos mais operações, nós temos maior capacidade produtiva, um grupo mais unido e comprometido. É na dificuldade que a gente fica sabendo com quem a gente pode contar”, argumenta.  

Com a pandemia de Covid-19 dando sinais de estar em sua reta final, mesmo que o surgimento da cepa ômicron preocupe todos, o cenário hoje no setor de eventos é de recuperação. Para o futuro, Nelson planeja que 2022 já seja um ano de enorme demanda, já superando os números obtidos em 2019, último ano antes da pandemia. 

“O cenário que nós temos hoje é de crescimento. Se a economia ainda der um empurrão e gente conseguir passar por algumas barreiras econômicas que a gente tá tendo. A demanda reprimida que existe e a necessidade extrema das pessoas de conviver vão fazer com que todas as empresas voltem, e como estão voltando, a parte dos eventos presenciais”, aponta. 

Para Nelson, mesmo com todas as ferramentas que surgiram para facilitar as interações a partir de meios digitais, a necessidade de convivência é uma necessidade constante, principalmente em ambientes de trabalho. “O convívio das pessoas, a possibilidade de agregar, o falar frente a frente, isso não muda”, explica o empresário. 

“A gente precisa de gente, precisa falar e precisa conviver. Por isso acho que o nosso mercado vai crescer absurdamente ano que vem 

Guilherme Guerreiro

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