A privatização da Sabesp, companhia de saneamento do Estado de São Paulo, é um tema de grande relevância econômica e social. A Sabesp (SBSP3) é uma das maiores empresas de saneamento do mundo e atende a milhões de pessoas, fornecendo serviços essenciais de água e esgoto.
Do ponto de vista do estado, a privatização poderia significar a entrada de capital privado, o que potencialmente aumentaria a eficiência operacional e expandiria a capacidade de investimento da empresa, otimizando ainda mais sua infraestrutura de água e esgoto, o que é crucial para o desenvolvimento sustentável do estado, resultando em melhorias na qualidade dos serviços prestados à população. A expectativa é que, haja um investimento de R$ 68 bilhões até 2029, com foco na universalização da água e esgoto. Por outro lado, existem preocupações quanto ao impacto que pode ser gerado nas tarifas e igualdade no acesso aos serviços de saneamento, críticos apontam para o risco de aumento das tarifas e uma possível desigualdade no acesso aos serviços, especialmente em áreas menos lucrativas para uma empresa privada.
Para a Sabesp, a privatização poderia representar uma oportunidade de modernização e expansão. Com o investimento privado, a empresa poderia acelerar seus planos de investimento, que incluem a meta de universalizar o acesso à água e esgoto até 2029, com um investimento previsto de R$ 68 bilhões até essa data. A longo prazo, até 2060, o governo paulista fala em R$ 260 bilhões em investimentos. Além disso, a privatização poderia gerar lucros significativos para o estado por meio da venda de sua participação na empresa.
A Companhia apresentou resultados financeiros robustos na sua demonstração de resultados do quarto trimestre de 2023. O lucro líquido reportado foi de R$ 1,18 bilhão, representando um expressivo aumento de 84,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado impulsionou o lucro líquido anual para R$ 3,523 bilhões, 12,9% superior ao de 2022. O Ebitda ajustado, que reflete o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, alcançou R$ 2,964 bilhões no trimestre, um aumento de 72,3% em relação ao ano anterior. Para o ano completo de 2023, o Ebitda ajustado foi de R$ 9,634 bilhões, crescendo, 35,9% em comparação a 2022.
A receita operacional líquida da Sabesp também viu um crescimento significativo, subindo 22,4% no quarto trimestre, totalizando R$ 7,262 bilhões. No acumulado do ano, a receita operacional líquida atingiu R$ 25,568 bilhões, um aumento de 15,9% em relação a 2022. Esse desempenho financeiro favorável pode ser atribuído a vários fatores, incluindo reajustes tarifários e um aumento no volume faturado, especialmente na categoria não residencial. A empresa implementou um reajuste de 12,8% em maio de 2022 e outro de 9,6% em maio de 2023, além de registrar um aumento de 3,0% no volume faturado total.
Demonstrou uma atuação financeira notável, com crescimento substancial em lucro líquido, Ebitda ajustado e receita operacional líquida, apesar de alguns desafios financeiros e investimentos estratégicos. O resultado reportado foi melhor do que o mercado projetava.
O movimento de privatização tende a ser realizado por meio de uma oferta pública de ações, com a diluição da participação do Estado de São Paulo, atualmente em 50,3%. O objetivo é atrair um novo acionista de referência de longo prazo. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como as negociações com os municípios atendidos pela Sabesp e a definição de um modelo regulatório que contemple reduções tarifárias e garantias de concessão.
O cenário para as ações negociadas com a privatização é majoritariamente positivo, com expectativas de valorização no médio a longo prazo, segundo análises de mercado. A aprovação do projeto pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo foi vista como um passo importante e esperado, que remove um risco significativo para a empresa e é bem recebido pelo mercado. Analistas da XP e do Morgan Stanley mantêm uma visão otimista, com projeções de valorização e bom potencial.