O “DI” futuro, muito comumente chamado de curva de juros futuro, é a expectativa dos mercados para a média da taxa Selic para os próximos anos. Sua precificação é resultado de um sentimento de mercado quanto ao posicionamento do Banco central e do governo brasileiro, e, com isso, carregava desde o ano passado uma expectativa “hawkish” (juros altos por mais tempo). Porém, nos últimos dois meses a “curva longa” (expectativa de longo prazo) chegou a cair mais de 10%, com esse movimento a bolsa teve uma forte recuperação.
Entre março de 2021 e agosto de 2022 o Banco Central elevou a taxa de juros de 2% ao ano para 13,75%. Esta ação, que buscava controlar a inflação e foi fortemente defendido por economistas no ano passado, trouxe uma grande expectativa para o mercado de taxas altas por longo prazo. Após as eleições no ano passado o desentendimento entre Bacen e Governo quanto ao patamar de juros brasileiro se tornou manchete, enquanto o mercado se tornou espectador e especulador de tal decisão.
Com a queda recente da inflação, a expectativa de redução no preço de commodities e um posicionamento mais brando por parte do presidente do BC, Roberto Campos Neto, o mercado brasileiro passou a acreditar em uma possível redução da taxa Selic ainda esse ano. Com isso vimos o DI futuro “longo” cair de uma média de 12,5% para aproximadamente 11%, e o mercado aguarda mais confirmações de uma redução da Selic para precificar “um maior fechamento de curva”.
O movimento rápido que aconteceu nas curvas futuras de juros trouxe uma forte reação positiva ao mercado, principalmente para os papéis chamados “mais sensíveis a juros”. Enquanto o Ibovespa conseguiu sair da casa dos 107.000 pontos e atingir os 117.000, setores como varejo, educação e construção tiveram fortes recuperações, com papeis que chegaram a ter valorizações desde 20% até mais de 100%.
Estes setores tiveram tamanha recuperação e são chamados “sensíveis a juros” por algumas razões, primeiramente por estarem diretamente ligados à demanda econômica, juros mais baixos trazem esse incentivo ao consumo. Além disso, são costumeiramente setores de baixa margem de lucro, e em momento de juros altos os investimentos em tais empresas se tornam menos atrativos, assim como a queda do mesmo traz novos olhares. Uma outra razão muito comentada por analistas é também o fato de serem empresas que “são precificadas no longo prazo”, significando que é feita uma estimativa de crescimento para a empresa no longo prazo e descontado os juros do período, quão menor for a expectativa de juros no período, menor é esse desconto no valor da empresa.
Após os últimos dois meses o mercado brasileiro se empolgou com uma expectativa de melhora no cenário de investimentos, rendas fixas passaram a carregar um maior ágio e a bolsa teve um forte movimento de alta, porém o movimento dos juros ainda não está completo. As decisões do Copom desse ano para redução de juros e acompanhamento do mercado serão decisivas para a manutenção do DI futuro em patamares atuais e novas quedas, cabe ao investidor estar atento e traçar estratégias para aproveitar este momento.