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Inteligência Artificial e o Mercado Financeiro

3 Minutos de leitura

O tema inteligência artificial (IA) tem dominado os noticiários nos últimos meses, a discussão se tornou mais latente no final de março de 2023 após uma carta aberta publicada pela organização sem fins lucrativos Future of Life pedir uma pausa nas pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em inteligência artificial.

O documento contou com mais de mil assinaturas, entre elas a do bilionário Elon Musk, dono do Twitter e fundador da SpaceX e da Tesla, Steve Wozniak cofundador da Apple, Yuval Harari escritor e historiador, além de membros dos laboratórios de IA do Google e da Microsoft.

Pesquisas sobre inteligência artificial remontam a década de 1950, no entanto suas aplicações no nosso dia a dia começaram a ganhar ênfase nos anos 2010, penetrando silenciosamente em diversas funções do cotidiano moderno; Muitos desses avanços permaneceram silenciosos até o novembro de 2022 quando a OpenAI lançou o protótipo do seu ChatGPT, plataforma aberta e gratuita capaz de responder perguntas e elaborar tarefas complexas, utilizando uma linguagem muito próxima a humana, o lançamento gerou um forte debate que se estende desde o impacto do uso da plataforma no potencial de criatividade humana, até limites jurídicos para o uso de IA.

No que tange o mercado financeiro, o uso de ferramentas de trading baseado em algoritmos não é exatamente uma novidade, dados apontam que em 2006 um terço de todas as negociações de ações da Europa e dos EUA eram executadas por robôs de trading, em 2009 cerca de 70% das negociações da bolsa americana eram realizadas por robôs de alta frequência e estima-se que esse número seja de 80% nos dias atuais.

A utilização de robôs abrange uma ampla possiblidade de atividades, são algumas:

Execução de ordens: O dinamismo do mercado exige que estejamos sempre prontos para reagir aos movimentos do pregão, hoje robôs são programados para realizar ordens seguindo parâmetros pré-estabelecidos pelo seu programador.

Backtasting: Onde o robô vai analisar dados históricos e utilizá-los para calibrar suas estratégias, permitindo que as estratégias programadas tenham amparo em movimentos históricos e possam otimizar seus resultados.

Análise de perfil e recomendações: São robôs capazes de analisar determinados cenários para criar uma recomendação de carteira, calculando probabilidade de perdas e ganhos dos ativos, o investidor tem a possibilidade de imputar seus objetivos e apetite a risco, para que o software pondere esses dados na sugestão, é importante ressaltar que estes robôs são submetidos as regulamentações da CVM e a tomada de decisão é sempre responsabilidade do investidor.

Quais são as vantagens do uso de robôs de trading:

Componente Emocional: Por mais que os robôs estejam cada dia mais parecidos conosco, o componente emocional não faz parte do algoritmo de tomada de decisão, o fator “emoção” muitas vezes atrapalha os investidores, nesse caso o uso do robô deixa seu trade completamente técnico.

Disciplina: A consistência e a disciplina são parte da receita de um trader de sucesso, a manutenção da estratégia, entrada e saída no ponto e no momento correto, a disponibilidade e dedicação durante o horário de pregão são pontos fortes de um robô, uma vez que este não vai ao banheiro, não atende o telefone ou recebe o entregador de dellivery durante o pregão.

Diversificação: Um robô de trading pode executar fielmente várias estratégias simultaneamente, em mercados e ativos diferentes, pode realizar estratégias de hedge ao mesmo tempo que assume riscos na outra ponta.

Como em qualquer outra situação, nem tudo são benefícios, robôs cada vez mais inteligentes são capazes de ler notícias, verificar fontes e tomar decisão de compra e venda baseados em termos escritos e imagens divulgadas, em novembro de 2022 um perfil fake no Twitter com selo de verificação anunciou insulina “de graça” e causou a queda de mais de 4% nas ações da farmacêutica Lilly, o caso mais recente aconteceu em maio de 2023 onde outra vez um perfil verificado no Twitter publicou uma imagem fake gerada por inteligência artificial, que mostrava um ataque contra a sede do departamento de defesa dos estados unidos, o que fez com que os índices de ações dos estados unidas chegassem a cair 0,3% em apenas 4 minutos, fatos como esses não são exclusividade dos dias de hoje, em 2010 o Dow Jones teve sua maior queda intra day da história, caindo cerca de 9% após um operador ter executado erroneamente uma ordem de venda, disparando alertas e acionando robôs de venda de ativos, esse movimento gerou um caos de 36 minutos no mercado e atingiu mercados ao redor de todo o globo.

Os movimentos descritos acima ocorreram, pois, robôs programados para “estopar perdas” foram induzidos e acionados por motivos errôneos, e como máquinas que são executam o que foram programados para fazer de acordo com os parâmetros pré-estabelecidos.

A oferta de robôs de investimentos está cada vez mais disseminada na internet, o investidor precisa de cautela para avaliar a sua necessidade e cuidado com promessas de resultados milagrosos, pondere seu perfil, pese os benefícios e riscos dessa modalidade e faça bons negócios!

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"
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