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O efeito da queda da bolsa e da alta do dólar no desenvolvimento social

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Economistas liberais sempre defenderam o individualismo. Para eles, cada pessoa, ao buscar atender seus próprios interesses, contribuirá para a riqueza geral da sociedade. Contudo, ainda nos dias atuais existem críticos ao sistema, que defendem a ideia de riqueza finita e acreditam que diante do processo de enriquecimento de uns, ocorre o empobrecimento de outros.  

No Brasil, o presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva, recentemente fez críticas ao teto de gastos e afirmou que acima da responsabilidade fiscal, deve estar a responsabilidade social. Complementou falando que suas declarações trariam efeito no dólar e na bolsa de valores. Mas afinal, qual o impacto dessas variáveis na vida das pessoas? O desempenho da bolsa e do dólar impactam apenas as classes mais ricas ou qualquer cidadão comum? A bolsa exerce algum tipo de impacto social? 

Não diferentemente da sociologia ou das ciências políticas, precisamos salientar que a economia é uma ciência social, responsável por estudar a alocação eficiente dos recursos escassos e a interação entre os agentes econômicos, sendo eles o Estado, as empresas e as famílias. Diante disso, a interação entre qualquer pessoa visando priorizar escolhas e necessidades individuais caracteriza-se como um ato social e econômico, tendo causa e efeito. 

O dólar acumula em novembro alta de mais de 4,55% frente ao real. Além do impacto nos investimentos financeiros, a alta na moeda estrangeira e consequente desvalorização da moeda nacional encarece o processo de importação, visto que as negociações internacionais são feitas em dólar. Segundo o Ministério da Economia, ao longo do ano de 2021, alguns dos produtos mais importados pelo Brasil foram, em primeiro lugar, adubos e fertilizantes, utilizados na agropecuária, óleos combustíveis em segundo lugar, ativos da indústria de transformação em terceiro, e medicamentos e produtos farmacêuticos em quarto lugar. Com isso, podemos perceber que grande parte dos ativos importados são de uso comum e seu encarecimento impacta a sociedade como um todo, mas trazendo ainda maiores danos às classes menos favorecidas. O aumento dos custos de importação de adubos encarece os alimentos e todo o processo de produção, o mesmo acontece com os outros itens citados. Sendo assim, a alta do dólar é o diagnóstico de uma moeda local fragilizada, e traz um impacto negativo para todos os indivíduos do país.  

Além da volatilidade do dólar, ao longo do último mês vimos a bolsa de valores em queda, acumulando mais de 8.300 pontos de desvalorização, aproximadamente 7,08%. O mercado de capitais, e a bolsa por sua vez, possuem um papel estratégico no desenvolvimento econômico e social de um país, pois é através deste mercado que as grandes empresas buscam capital para financiamento de suas atividades. Esse desenvolvimento gera crescimento econômico, aumento dos empregos e da riqueza. Sendo assim, os agentes econômicos acompanham o desempenho dessas companhias como forma de antecipar suas decisões. Se uma empresa está em um mercado promissor com boas expectativas de crescimento, é natural que mais investidores queiram comprar suas ações, se tornando assim acionistas e crescendo junto dela. O contrário também é verdadeiro, portanto, se as expectativas diante de uma empresa são negativas, os acionistas vendem suas ações e se desfazem de sua participação. A lei de oferta e demanda atua, com mais vendedores do que compradores, as ações desvalorizam e a empresa perde valor de mercado.  

De imediato, essa oscilação de preços não tem impacto no caixa da companhia, mas altera o valor da empresa, bem como o sentimento de mercado com relação a ela. Como os agentes tomam suas decisões baseadas em expectativas, é natural que o sentimento antecipe um movimento de mercado, portanto esse sentimento pode levar as empresas a reduzir investimentos, fechar unidades e reduzir despesas, levando assim a movimentos de demissões em massa, como vimos acontecer recentemente em grandes companhias de tecnologia como Amazon, Meta e Twitter.   

Hoje no Brasil, as maiores empresas da bolsa encontram-se nos setores de commodities e bancos, setores de utilidade e benefício comum. Além destas, empresas concessionárias de serviços públicos também são listadas, ou seja, companhias privadas que executam uma atividade de interesse público, tais como companhias de energia, de saneamento, transporte, entre outras atividades. O desempenho das ações dessas companhias impacta não apenas no investidor que as possui em carteira, mas também no cidadão que depende da utilização de seus serviços, uma vez que sua valorização leva a expansão da empresa, aumento de negócios e por consequência, geração de empregos e renda.  

A economia deve ser vista, portanto, como um único organismo, onde a economia real, tida como os fatores que impactam a sociedade como um todo, tem um efeito direto na economia financeira, bem como no mercado financeiro. Um afeta o outro de forma indireta, e a estabilidade econômica, por sua vez, é crucial para um desenvolvimento social sustentável.


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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"
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