É muito difícil hoje pensar num mundo sem instrumentos básicos de probabilidade e estatística e até mesmo de multiplicação e divisão. Usamos esses conceitos todos os dias de forma muito fluida e não notamos a sua importância, seja na discussão sobre as chances do nosso time de futebol preferido ganhar um campeonato, como para atribuirmos um prêmio ao seguro de vida ou carro.
Mas para tudo isso acontecer uma série de circunstâncias aleatórias tiveram que confluir, a começar pela criação dos números como usamos hoje. Imagine só se ainda usássemos algarismos romanos, como seria para fazer a simples divisão das contas de viagem de um grupo de amigos? Com certeza não tornaria o processo mais amistoso e fácil.
Pois bem, até Leonardo Fibonacci existir esse processo todo era basicamente impossível e qualquer avanço matemático significativo não foi alcançado na Europa por conta dessa dificuldade.
Leonardo Fibonacci era filho de diplomata e por conta da profissão do pai viveu na juventude no norte da África, onde por ocasião ele teve acesso a escritos árabes e hindus que eram culturas que já utilizavam formas mais avançadas de numeração e já discutiam, inclusive, o uso do número zero que tem uma importância gigantesca na nossa sociedade.
A partir da introdução da numeração, foi possível criar contas, o nosso sistema contábil atual e até mesmo os padrões numéricos conhecidos pelos analistas técnicos.
Isso tudo ocorreu por volta do século 13 e até o século 16 o mundo teve pouco ou quase nenhum avanço matemático tão significativo apesar de ter mais instrumentos. Isso por um motivo: a falta de liberdade de expressão e incentivos ao pensamento científico advindos do período da idade média onde a igreja controlava todo o conhecimento.
Apenas depois de 1500, começou algum avanço neste sentido com Giolamo Cardano introduzindo pequenos avanços para que apenas em 1600 Blaise Pascal, de fato, desenvolvesse operações matemáticas de maneira estruturada e avançasse para o estudo da probabilidade.
Fica claro que o desenvolvimento técnico e científico é extremamente frágil, é muito difícil conseguir criar condições para que ocorra períodos de repressão, e falta de incentivos podem gerar séculos de retrocesso e perdas inestimáveis.
