As instituições monetárias internacionais utilizam as taxas de juros como uma importante ferramenta para controlar os movimentos econômicos de cada país ou bloco econômico, estimulando o crescimento econômico e reprimindo a demanda quando necessário para conter a inflação. Nesta semana, o Banco Central do Brasil definirá a atualização na taxa de juros brasileira, a famosa SELIC. Tal movimento pode marcar o início de um novo ciclo monetário no Brasil.
Após a grande injeção de liquidez realizada pelos bancos centrais ao redor do mundo para estimular a economia durante a pandemia do Covid-19, os principais blocos econômicos passaram a enfrentar um cenário de forte inflação. Esse movimento, que países desenvolvidos não experimentavam em tamanha magnitude desde os anos 70, trouxe a necessidade de elevação das taxas de juros de forma global.
No contexto do Brasil, como em outros países em desenvolvimento, estamos acostumados a enfrentar desafios relacionados à inflação, e o Banco Central brasileiro também. Nos últimos dez anos, vivenciamos ciclos de aumento e queda de juros, alcançando um teto de 14,25% entre 2015 e 2016 e uma taxa de apenas 2% de SELIC entre 2020 e 2021. Apesar do ciclo de alta das taxas de juros nos últimos três anos, é possível que estejamos nos aproximando de um momento de reversão.
O Brasil foi um dos primeiros países a iniciar o movimento de elevação das taxas de juros após a pandemia, e, como resultado, também se tornou um dos primeiros a conseguir controlar a inflação neste período. Após elevar a SELIC de 2% para 13,75% em apenas um ano e meio, o Banco Central manteve a taxa inalterada durante os últimos 15 meses. Como resultado dessas medidas, o IPCA, medida de inflação mais utilizada no Brasil, atingiu um acumulado de 3,16% nos últimos 12 meses, ficando abaixo da inflação americana no mesmo período.
O resultado consolidado dos últimos 12 meses é de grande relevância para uma possível alteração na política monetária brasileira. Além disso, a expectativa de inflação controlada para os próximos meses também é um dos fatores observados pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Nesse sentido, o relatório FOCUS, divulgado pelo Banco Central com expectativas econômicas para os próximos anos, ressalta uma estimativa de inflação abaixo de 4% durante os próximos dois/três anos, reforçando a possibilidade de um movimento de queda das taxas de juros.
Outro fator que impulsiona a redução das taxas de juros é o governo, que atualmente busca reaquecer a economia e está disposto a implementar reformas políticas que melhorem o cenário fiscal e tranquilizem o Banco Central. Além dessas ferramentas, já vimos membros do governo declarando publicamente o desejo de taxas de juros mais baixas para a economia brasileira.
Ao analisar todas as perspectivas apresentadas ao longo deste artigo, torna-se evidente que as taxas de juros desempenham um papel fundamental no controle dos movimentos econômicos no Brasil e em outros países. A atualização iminente da taxa SELIC pelo Banco Central do Brasil pode marcar o início de um novo ciclo monetário no país, sendo um momento de grande relevância para os rumos da política monetária brasileira.