Em meio a uma crise e uma inflação altíssima, o governo argentino de Alberto Fernández anunciou que negociou com o setor industrial do país o congelamento de mais de 1.245 produtos da cesta básica por 90 dias.
As informações foram divulgadas pelo jornal Clarín, que também informou que o secretário do Comércio do país, Roberto Feletti, pediu para que as empresas enviem as tabelas de preços com a data fixada no dia 1 de outubro. O congelamento dos preços deve durar até o dia 7 de janeiro.
Atualmente, a Argentina é o país que registra a inflação mais alta entre os países do G20, somando 51,4% de alta nos preços nos últimos 12 meses. O país também possui 17 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza em meio a uma crise econômica que só se agravou durante a pandemia de COVID-19.
A medida aplicada pelo governo de Fernández também acontece a poucos dias das eleições legislativas do país, marcadas para acontecer no dia 14 de novembro. De forma imediata, a manutenção do poder de compra da população deve beneficiar a imagem de um governo que ficou corroída.
Saiba mais
Por que o mundo está tão preocupado com a inflação?
Na visão de especialistas econômicos, o congelamento de preços é uma medida ineficaz. No Brasil, esse mesmo processo aconteceu durante a escalada da inflação durante o Plano Cruzado, em 1986, Plano Bresser em 1987, Plano Verão de 1989 e Plano Collor em 1990.
Mais recentemente, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o governo promoveu o congelamento no preço da gasolina.
Na Argentina, inúmeros congelamentos de preços foram aplicados durante a crise da inflação de 1952. Em 2020, em plena pandemia de COVID-19, o preço de mais de 23 mil produtos foi congelado por um tempo.
Em todos os casos, a eficácia da medida é questionada por não ter solucionado o problema da escalada dos preços.
Foto: Reuters / Reprodução