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Copom enxerga desaceleração da economia global e juros mais altos no futuro, aponta ata

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O Banco Central (BC) publicou nesta terça-feira (21) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. No documento, o comitê se mostra preocupado com as projeções de desaceleração da economia global e prevê ainda que os juros devem seguir em alta para que seja possível cumprir a meta da inflação. 

Na semana passada, o Copom decidiu pela elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Esse aumento levou a taxa básica de juros da economia brasileira para 13,25% ao ano, seu maior valor desde janeiro de 2017. Ontem (20), o comitê divulgou também o cronograma de suas reuniões no ano de 2023. 

CENÁRIO ECONÔMICO 

Segundo o Copom, o cenário externo continuou se deteriorando desde a reunião passada – realizada no início de maio. A inflação a nível global já vinha pressionada por conta da recuperação econômica da pandemia de Covid-19 e essa pressão foi “exacerbada” pelo avanço das commodities no mercado internacional. 

“A reorganização das cadeias de produção globais, já impulsionada pela guerra na Ucrânia, deve se intensificar, com a busca por uma maior regionalização na cadeia de suprimentos. Na visão do Comitê, esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens”, aponta a ata do Copom. 

O crescimento das principais economias globais tem sido revisado para baixo, movimento causado em parte pela tendência de aperto monetário para conter a inflação. A ata do Copom cita ainda que o cenário econômico na China preocupa, apontando a política de Covid Zero como principal vilã na desaceleração econômica da principal potência asiática. 

No Brasil, no entanto, os principais indicadores da economia publicados entre as reuniões do Copom vieram melhores do que o esperado pelo mercado. O Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de desemprego se destacaram, mostrando uma recuperação sólida da economia brasileira no ano de 2022 até aqui. 

O Copom admite ainda que a inflação segue mais persistente do que previsto pelo BC. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,47%. Os dados mostram uma pequena desaceleração da inflação brasileira, mas continua com um acumulado de 11,73% em 12 meses 

“A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques continuam levando a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis. As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto em componentes mais voláteis como naqueles mais associados à inflação subjacente”, aponta.


Saiba mais 

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CENÁRIO DE REFERÊNCIA 

Para suas projeções, o Copom informa que usou como cenário de referência as projeções do último Boletim Focus, publicado no dia 6 de junho através de um relatório parcial. Esse cenário aponta uma taxa cambial com o dólar a R$ 4,90 e os juros encerrando 2022 em 13,25% ao ano. 

“Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 7,0% para 2022, 6,3% para 2023 e 3,3% para 2024. As projeções do cenário de referência não incorporam o impacto das medidas tributárias sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações que estão em tramitação”, aponta a ata do comitê. 

O Copom aponta que, em um cenário de desaceleração da atividade econômica, parte da alta nas commodities pode ser revertida parcialmente. Como fator de risco, o comitê aponta ainda que o cenário fiscal no Brasil preocupa e pode trazer mais pressão para o cenário inflacionário e fazer as projeções aumentarem nos próximos meses. 

Sobre a economia brasileira, o Copom aponta que a mesma deve desacelerar ao longo dos demais trimestres do ano após surpreender positivamente no 1T22. Esse movimento deve ocorrer por conta dos “impactos defasados” da política monetária contracionista, que devem começar a ficar mais evidentes nos próximos meses. 

APERTO MONETÁRIO 

“O Copom iniciou sua discussão com a avaliação do ciclo de ajuste empreendido até a presente reunião. Ressaltou-se que o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e que, devido às defasagens de política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”, aponta a ata. 

Com esses fatores acima no radar, o Copom admite que pode ser necessário uma curva de juros diferente do cenário de referência para trazer a inflação até a meta de 4,0%. Para isso, o comitê não descarta encerrar o ano com a Selic acima de 13,25% a.a. e aponta, ainda, que a manutenção dos juros em território “significativamente contracionista” deve ser feita por um período mais prolongado do que o projetado no cenário de referência. 

“Dessa forma, a estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante”, aponta a nota. 

Segundo o documento, os membros do Copom chegaram ao consenso de que apenas a manutenção da Selic em patamar elevado não seria o suficiente para trazer a inflação até a meta. Por isso, o comitê decidiu sinalizar que um aumento de igual ou menor magnitude na sua próxima reunião. A próxima reunião do Copom acontecerá entre os dias 2 e 3 de agosto

2023 

Nesta segunda, véspera da divulgação da ata, o Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgou as datas das reuniões de política monetária de 2023. Assim como em 2022, o Copom se reunirá oito vezes no próximo ano, confira as datas: 

Reunião Data 
252ª 31 de janeiro e 1º de fevereiro 
253ª 21 e 22 de março 
254ª 2 e 3 de maio 
255ª 20 e 21 de abril 
256ª 1º e 2 de agosto 
257ª 19 e 20 de setembro 
258ª 31 de outubro e 1º de novembro 
259ª 12 e 13 de dezembro 
Guilherme Guerreiro

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