Notícias

‘Facebook Papers’: sob suspeita de ignorar crimes humanitários, ações da companhia caem mais de 8%

4 Minutos de leitura

Uma série de reportagens está abalando o mundo da maior rede social do planeta, que está sendo acusada de ignorar crimes humanitários em suas plataformas e de radicalizar os usuários. O chamado “Facebook Papers” é uma série investigativa de diversos veículos jornalísticos internacionais, como o The Wall Street Journal, Politico, The New York Times e Associated Press. 

Tudo começou quando Frances Haugen, ex-gerente de produtos do Facebook, vazou inúmeros documentos internos da companhia para o The Wall Street Journal, que começou a divulgar suas reportagens no mês passado. Na ocasião, ela ainda usava um codinome. 

Haugen foi funcionária do Facebook por pouco tempo. Foi recrutada em 2019 e saiu em maio de 2021. 

No início de outubro, com a ajuda de organizações que tratam da proteção de whisle blowers (delatores), ela revelou-se ser a ex-funcionária que já causava danos severos à companhia. 

As acusações não ficaram sem resposta. No início de outubro, em sua página pessoal, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que “não é verdade” a acusação de que a companhia prioriza o lucro ante o bem-estar das pessoas. 

Ontem (25), Haugen testemunhou perante o parlamento britânico, causando mais uma onda de choque negativa na empresa de Mark Zuckerberg. Nos últimos cinco dias, as ações do Facebook despencaram mais de –8,3%

A reação extremamente negativa do mercado não é por acaso. O vazamento trata de documentos internos da plataforma. As acusações não são, portanto, uma surpresa para quem trabalha no Facebook. 

Abaixo, confira algumas das acusações que devem prejudicar a imagem da companhia por um bom tempo: 


Saiba mais

Facebook, WhatsApp e Instagram saíram do ar em semana crítica da gigante do Silicon Valley


O Facebook ignorou crimes humanitários 

Uma das acusações mais densas trata da crimes humanitários que são reproduzidos, promovidos ou executados nas plataformas do Facebook. Segundo os documentos vazados por Haugen, a plataforma não agiu, ou agiu muito pouco, em diversas ocasiões diferentes. 

Um dos documentos internos da companhia mostravam que cartéis do México executavam treinamento e pagamento de pistoleiros dentro das redes sociais. 

Outro dizia que traficantes de pessoas do Oriente Médio usavam o Facebook para atrair mulheres. 

Por fim, grupos armados da Etiópia usavam as plataformas para executarem crimes contra minorias étnicas do país. 

O Facebook faz mal para adolescentes 

Há muito tempo estuda-se os efeitos psicológicos das redes sociais nas pessoas, principalmente crianças e adolescentes que ainda estão em formação. Um dos vazamentos promovidos pelo consórcio de veículos aponta que a plataforma sabia que o uso da rede social faz muito para adolescentes, principalmente mulheres jovens. 

Segundo os documentos internos, o uso das plataformas, principalmente o Instagram, agrava quadros de ansiedade e depressão. 

Após o vazamento desses dados internos, o Facebook suspendeu seus planos de lançamento de uma nova plataforma do Instagram para jovens com idade menor que 13 anos. 

Desinformação e radicalização 

O Facebook não possui um controle e regulação própria que permita que a plataforma lide com casos de extremismo e violência. Um dos exemplos trazidos pelos vazamentos é a da invasão do Capitólio, episódio marcado pela desinformação de que as eleições presidenciais dos Estados Unidos haviam sido fraudadas. 

Nesse sentido, a plataforma não atuou na remoção de conteúdos nocivos e de promoção da violência. Assim, a plataforma permitiu que o evento escalonasse para um movimento organizado. 

Relacionado a esse assunto, a empresa também não atuou de forma consistente no controle de conteúdo relacionado às eleições presidenciais dos EUA. Assim, conteúdos falsos e inflamatórios correram a plataforma livremente. 

Índia 

O gigante país asiático é um problema tão grande nas plataformas do Facebook que mereceu um segmento próprio na série de reportagens produzidas pelo consórcio. 

Em meados de 2019, uma pesquisadora do Facebook criou uma conta na rede social para testar o algoritmo que recomenda conteúdos, páginas e pessoas para seguir na plataforma. A inteligência artificial do Facebook também “escolhe” que tipo de publicação aparece na página principal. 

O experimento durou três semanas e foi o suficiente para mostrar que a plataforma possui um grave problema no conteúdo filtrado por algoritmos. 

“Seguindo o feed de notícias desse usuário de teste, vi mais imagens de pessoas mortas nas últimas três semanas do que em toda a minha vida”, disse a funcionária. 

Segundo os documentos vazados, que contam com diversos estudos e memorando de funcionários, a Índia é uma amplificação de todos os problemas encontrados em todos os outros países. 

Um desses problemas é a atuação de agentes políticos na plataforma. Inúmeras contas falsas foram criadas na plataforma para tentar prejudicar partidos políticos e candidatos às eleições. O resultado é um processo eleitoral marcado pela desinformação e teoria conspiratória. 

Os problemas apontam um claro despreparo do Facebook para lidar com seu maior público até então. Mais de 340 milhões de pessoas usam a rede social na Índia, um país com uma gigantesca diversidade cultural e étnica. 

Foto: Reuters / Reprodução

Juan Tasso - Smart Money

Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!

1857 posts

Sobre o autor
Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!
Conteúdos
Postagens relacionadas
Notícias

Setor de Serviços surpreende e cresce 0,9% em maio, acima das expectativas

1 Minutos de leitura
O volume de serviços no Brasil apresentou um crescimento surpreendente de 0,9% em maio, superando a previsão dos analistas de uma alta…
Destaques do diaNotícias

Relatório Focus: projeções para Inflação de 2023 e 2024 caem, enquanto expectativas para o PIB aumentam

1 Minutos de leitura
Em uma nova edição do Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, as projeções para a inflação brasileira de 2023 e 2024 foram…
Notícias

IBC-Br surpreende e cresce 0,56% em abril, superando expectativas do mercado

1 Minutos de leitura
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou um crescimento…