A Rússia mergulhou em uma grave crise desde o dia 23 de fevereiro, quando o presidente Vladimir Putin anunciou o início da operação militar em solo ucraniano. A inflação no país chegou a 17,83% no acumulado dos últimos 12 meses até abril deste ano, maior número registrado desde 2002 no país.
Mesmo com a crise, o rublo russo – moeda oficial do país – é a moeda que mais se valorizou ante o dólar no mercado internacional ao longo de 2022. Às 9h (horário de Brasília) desta segunda-feira (23), o dólar caía 4,33% ante a moeda russa, cotado a 57,62 rublos.
Este é o maior valor de cotação do rublo ante o dólar desde março de 2018. O euro, por sua vez, operava em queda de 1,58% ante a moeda russa, cotado a 61,83 rublos. É a marca mais forte da moeda do país eslavo ante a moeda pan-europeia desde 2015.
Com forte controle cambial por parte do Kremlin, o rublo conseguiu se manter na contramão do restante do cenário econômico após o início do conflito na Ucrânia. Desde o início de 2022, o rublo acumula cerca de 30% de ganhos contra o dólar americano, número alcançado através de uma série de medidas impostas pelo governo russo para blindar o setor financeiro do país dos impactos da guerra.
Desde abril, empresas russas focadas no mercado estrangeiro precisam converter todas as suas receitas de exportações para a moeda local. Antes das medidas tomadas pelo governo, a moeda nacional russa chegou a perder 60% do seu valor ante o dólar nos dias que sucederam o início da operação militar na Ucrânia.
O fortalecimento do rublo no cenário internacional tem um papel central na manutenção da economia russa em meio à crise gerada pela guerra. Por conta das sanções impostas, a Rússia teve mais da metade das suas reservas de ouro e moedas estrangeiras congeladas.
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Em conjunto com as exigências do Kremlin, a balança comercial russa também ajuda a impulsionar o valor do rublo ante as principais moedas de reserva do mercado internacional. As sanções obrigaram a Rússia a diminuir drasticamente seu volume de importações, principalmente de países ocidentais.
Os dados da balança comercial da zona do euro e da União Europeia (UE) revelaram um déficit recorde na Europa ocidental, impulsionado principalmente pela disparada no valor das importações de energia. Como principal fornecedor de gás natural para o Velho Continente, a Rússia viu suas exportações para a região mais do que dobrarem no primeiro trimestre de 2022.