Abrindo mais um capítulo do conflito no leste europeu, o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, e a primeira-ministra do país, Sanna Marin, apoiaram publicamente a adesão da nação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A declaração feita nesta quinta-feira (12) era esperada, principalmente considerando o crescimento do apoio popular para a assinatura do acordo. De acordo com pesquisas recentes, após a invasão promovida na Ucrânia, o apoio popular a adesão subiu de 30% para 80%.
“A adesão à Otan fortaleceria a segurança da Finlândia. Como membro da Otan, a Finlândia fortaleceria toda a aliança de defesa. A Finlândia deve solicitar a adesão à OTAN sem demora”, disseram os dois líderes do país.
Segundo o Secretário Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, a Finlândia será bem recebida pelo bloco:
“Eu recebo as declarações conjuntas do presidente Niinisto e a primeira-ministra Marin apoiando a aplicação à OTAN sem demoras”, disse Stoltenberg. “Essa é uma decisão soberana da Finlândia, que a OTAN respeita totalmente. Se decidirem pela adesão, serão bem recebidos e o processo será rápido”.
A Finlândia é um dos países europeus que dividem fronteira com a Rússia, neste caso de 1,3 km. Com a invasão promovida por Vladimir Putin, diversas nações vizinhas compartilham um sentimento de temor de possíveis investidas militares em outros países.
Abaixo, confira os membros atuais da OTAN na Europa:
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Além da Finlândia, a Suécia também já trabalha para aderir ao bloco militar. Ambos os países nórdicos devem receber assistência do Reino Unido, que anunciou a colaboração no início da semana.
Segundo o primeiro-ministro Boris Johnson, o acordo promove a “disposição de defender e apoiar um ao outro”. O político não foi específico acerca de poios militares, mas não descartou a ideia de fornecimento de armamento nuclear para os dois países.
O Kremlin não reagiu bem às aproximações dos países nórdicos com o principal bloco militar rival. Segundo o porta-voz da Rússia, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva, as adesões são uma mudança fundamental nas políticas externas do país, e retaliações são esperadas.
“A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir que surjam ameaças à sua segurança nacional”, disse o porta-voz.
Do ponto de vista do governo russo, a adesão dos países é mais uma aproximação perigosa da OTAN nas fronteiras do país, coisa que já acontece há muitos anos. Este, inclusive, foi um dos motivos usados por Putin para justificar a invasão militar na Ucrânia.
De acordo com as cláusulas do bloco, caso um membro seja invadido militarmente, todos os países possuem a responsabilidade de prestar assistência. Com a invasão na Ucrânia, diversos países do bloco, principalmente os que fazem fronteira com a Rússia, já receberam ajuda da OTAN de alguma forma para se blindarem de possíveis investidas de Putin.
A decisão da Finlândia deve aumentar as pressões do já conturbado leste europeu. Além das ameaças veladas de Putin, o continente se preocupa com possíveis interrupções no fornecimento de gás natural, por mais que a União Europeia (UE) esteja trabalhando diariamente para achar novas fontes de energia.
Nesta semana, a Ucrânia suspendeu o fluxo de parte do fornecimento de gás, que sai da Rússia e transita pelo país de Zelensky via gasodutos. Segundo a Gazprom, principal companhia energética russa, 25% do fornecimento total que passa pela Ucrânia foi cortado.
Além dos problemas com o gás, a Europa estuda se juntar aos Estados Unidos na decisão de banir as importações de petróleo da Rússia. O problema é que o continente ainda é dependente das matrizes energéticas russas, representando 38% do total das importações.
