Um grande selloff marcou o mercado de criptomoedas no último mês, impactando os principais ativos digitais decentralizados. De acordo com dados do CoinMarketCap, o mercado perdeu US$ 1 trilhão em valor em trinta dias, na mesma medida em que os investidores tentam liquidar suas posições em pânico.
O Bitcoin (BTC), ativo mais popular entre as cryptos, atingiu seu pior valor desde julho do ano passado, custando US$ 28.655,92 às 15h desta quinta-feira (12). Em novembro de 2021, o BTC chegou a passar de US$ 60.000.
O Ethereum (ETH), outra popular crypto, estava custando US$ 1.926,25 às 15h desta quinta (12). Em abril, o ativo estava custando US$ 3.500.
Embora o mercado seja um pouco diferente das ações em Bolsa de Valores, fatores externos econômicos também impactam o sentimento dos investidores de crypto. O aumento nas taxas de juros dos Estados Unidos, que elevou em 0,50% a taxa variável, trouxe um selloff global e receio quanto ao avanço da inflação global.
A alta nos preços é impactada pela guerra na Ucrânia e a política de ‘Covid Zero’ na China, que causa disjunções na cadeia global de distribuição de suprimentos. Como a guerra parece estar longe do fim e a política chinesa ainda pode impactar a capital Pequim, o sentimento do mercado permanece negativo.
Outro acontecimento, porém, contribui para o forte movimento de liquidez dos investidores. Trata-se do ativo Terra (LUNA), que perdeu mais de 95% do valor na semana passada, e da sua “irmã” TerraUSD (UST).
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O colapso da Terra
A TerraUSD (UST) é uma stablecoin que, além de ser logarítmica, deveria ter paridade com o Dólar. O mecanismo, porém, parou de funcionar após o colapso recente das criptomoedas. A perda foi superior a 44% em um dia, perdendo acima de US$ 10 bilhões em captação de mercado.
Stablecoins são ativos que visam ter baixíssima volatilidade e são lastreados em ativos como ouro, petróleo, ou outras moedas oficiais. No caso da TerraUSD (UST), a moeda deveria sempre possuir valores próximos a US$ 1, mas chegou a desabar para US$ 0,29 ontem (11) e atinge US$ 0,41 às 15h de hoje.
Abaixo, acompanhe a variação de valor dos dois ativos:
Fonte: CoinDesk
A falha no mecanismo da Terra trouxe um ar de incertezas no mercado quanto a estabilidade das stablecoins, que foram criadas justamente para protegerem os investidores de eventuais momentos de alta volatilidade. O acontecimento é mais um teste da “fé” dos investidores nos ativos decentralizado, que serem foram alvos de críticas por não serem estáveis.
O calcanhar de Aquiles
Pra compreender o que exatamente aconteceu com a stablecoin TerraUSD (UST), você primeiramente precisa compreender o que são os protocolos DeFi (Finanças Descentralizadas) da Anchor, o projeto popular da Terra.
O projeto funciona como uma conta poupança, onde os investidores podem depositar suas TerraUSD (UST) e são prometidos retornos “estáveis” de até 19,5% por depósito em um ano. Em um certo momento, o Anchor detinha 75% do mercado da stablecoin UST, ou seja, US$ 14 bilhões.
O problema, para muitos críticos, é que o sistema era instável. Anchor atraiu muito capital, mas facilmente poderia perdê-lo caso os rendimentos (yields) diminuíssem e os investidores procurassem maiores retornos em outras plataformas.
No início da semana, esses depósitos de UST para o Anchor caíram de US$ 14 bilhões para US$ 3 bilhões, pressionando o sistema Terra e derrubando o sentimento do mercado de que a stablecoin não era exatamente tão estável assim.
Tentativas para estabilizar a situação não faltaram. A Luna Foundation Guard (LFG) aplicou suas mais de US$ 2 bilhões em reservas de Bitcoins (BTC), mas de nada adiantou.
O desenvolvedor Do Kwon também anunciou no Twitter os planos para trazerem estabilidade ao mercado:
Para especialistas, porém, mesmo que o sistema volte à normalidade, recuperar a confiança do mercado será uma tarefa bem difícil.