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Demissões no setor tech em 2023 já ultrapassam as de 2022

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O volume de demissões no setor tech global em 2023 já ultrapassou, no início de abril, o número de cortes de funcionários em todo o ano de 2022. É o que mostra os dados da plataforma layoffs.fyi. 

Até o momento, são mais de 167 mil demissões em 554 empresas, sendo que o saldo havia ficado em 164,4 mil em todo o ano passado. 

As demissões contam com gigantes do mercado, como a Amazon (17 mil demissões neste ano), Meta (10 mil), PayPal (2 mil), Microsoft (10 mil), Dell (6,6 mil) e IBM (3,9 mil). 

Startups brasileiras também integram a extensa lista de companhias que promoveram cortes neste ano. Entre elas, estão o iFood (355 demissões), Pagbank (500), Loft (340), Loggi (300) e Neon (210). 

O que aconteceu? 

A onda massiva de demissões no setor de tecnologia global é diretamente relacionada ao momento econômico e geopolítico, e não apenas por conta da guerra.  Nos anos que antecederam a pandemia de Covid, em 2020, o momento do mercado era outro. Com juros baixíssimos nas economias desenvolvidas, grandes startups puderam aproveitar do momento de risco baixo para captar grandes volumes de investimento via bancos e Venture Capital. 

O movimento fazia sentido. Não à toa, empresas como a Uber explodiram no mercado apesar dos primeiros anos sem gerar lucros. Era uma aposta de crescimento exponencial pensando no futuro. É exatamente por isso que diversas startups faliram no meio do caminho, mas fazia parte do momento econômico de risco baixo e grandes apostas. 

O atual momento, porém, é outro. Com problemas relacionados a Covid na China, guerra na Ucrânia, recessão iminente e onda inflacionária, o cenário econômico é de aversão ao risco e reestruturação. 

Com o movimento de aumento nas curvas de juros nos Estados Unidos, Zona do Euro e Reino Unido, as apostas no setor de risco minguaram. Para piorar, plataformas que conseguiram registrar bons números com o isolamento social provocado pela pandemia estão precisando se reinventar para manter as receitas altas. 

Os cortes chegaram a ser abruptos em algumas companhias, com funcionários de longa data confusos com o movimento e críticos quanto a efetividade dos planos de eficiência das companhias. 

Mark Zuckerberg, dono da Meta, no ano passado, disse para seus funcionários se prepararem para o que pode ser uma das “piores crises” da história. A companhia já passou por mais de 20 mil demissões desde o ano passado. Só perde para a Amazon, que já cortou 27 mil pessoas. 

Além de cortes no número de funcionários, as companhias também reduziram o ritmo de contratações. Novos projetos, com grandes equipes, agora estão sendo acompanhados com um olhar mais crítico e objetivo, sendo até mesmo cancelados.

Olhando para o desempenho das ações da Meta, empresa mãe do Facebook, é possível ter uma impressão equivocada de um suposto grande otimismo do mercado no último ano: 

Esse desempenho, porém, pode ser justificado. Além de um movimento positivo dos investidores em relação a busca por disciplina nas gigantes tech norte-americanas, as ações vêm se recuperando do enorme sell-off que durou até o fim do ano passado. 

O mesmo movimento de recuperação também pode ser observado na gigante do varejo, a Amazon, na Tesla de Elon Musk e na Microsoft: 

Apesar da recente crise bancária que chocou o coração tech do país com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e o cenário adverso, os planos de reestruturação parecem estar gerando o efeito desejado. O saldo final disso é um mercado mais confiante com um setor que sofreu no ano passado.


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Quanto deve durar? 

Em um curto prazo, as companhias do ramo tech devem continuar com seus planos de reestruturação, cortes de novas vagas e futuras demissões. Embora as ações estejam em um ritmo de recuperação no último ano, o cenário geopolítico global segue enfrentando grandes desafios. 

Para começar, as taxas de juros nas principais economias continuam altos. Nos Estados Unidos, estão no intervalo variável entre 4,75% e 5%, enquanto na Zona do Euro está em 3,50%. 

Em ambas as economias, as taxas não devem parar de subir em um futuro próximo. A inflação segue elevada — de 6% nos EUA e 6,9% na Zona do Euro, e bem acima da meta de 2%. 

Além disso, os problemas no mercado energético, agravados com a guerra na Ucrânia, não possuem soluções simples. A substituição da matriz energética no antigo continente, movimento que deve deixar a Europa independente do abastecimento russo, demanda tempo. A guerra, que já completou um ano, não parece estar perto de uma resolução. 


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Juan Tasso - Smart Money

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