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Demissões em massa no setor tech; o que aconteceu?

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“Estou devastado, triste e com raiva”. Foi assim que um dos mais de 12 mil funcionários cortados pela Google na sexta-feira (24) descreveu o que foi um dos episódios mais traumáticos da leva de demissões no mundo tech

A Alphabet, empresa mãe da ferramenta de pesquisa mais usada do planeta, não performou da maneira esperada, de acordo com a publicação dos ganhos do trimestre anunciados em outubro. Por isso, era hora de a companhia tentar cortar gastos. 

“Empregadoras — especialmente as grandes e sem ‘face’ como a Google — veem você como 100% descartável. Viva a vida, não o trabalho”, descreveu Justin Moore, demitido após mais de 16 anos na companhia. 

Essa nova leva de demissões na Google representou um corte de 6% no volume de funcionários total da empresa. 

Justificando a decisão estratégica, o CEO Sundar Pichai disse que, após os resultados surpreendentes de 2021, a empresa tomou decisões expansionistas que, caso a tendência continuasse no futuro, estariam corretas. 

Em 2022, porém, a história foi bem diferente. Além disso, a polêmica não termina no volume de funcionários cortados, mas também na metodologia das decisões e a impossibilidade de alguns empregados não conseguirem se despedir da equipe. 

A história da Google não é a primeira, nem última, do setor de tecnologia. Desde a sexta-feira (20), mais de 1.100 demissões impactaram empresas do setor, como o Spotify, que demitiu 600 funcionários, e a Innovaccer, que demitiu 245 (15% do seu corpo de funcionários) nesta terça-feira (24). 

Desde o início de 2023, mais de 57 mil demissões atingiram o mundo tech em 185 empresas, segundo a plataforma Layoffs.fyi, lista que inclui a Microsoft, que cortou 10 mil funcionários no dia 18, e Amazon, que demitiu 8 mil pessoas no dia 4. 

No ano passado, o saldo do setor tech foi de 159 mil funcionários cortados dos seus cargos. 

O presságio de Mark Zuckerberg 

Em julho do ano passado, quando o setor de tecnologia já havia cortado mais de 46 mil empregos, o CEO de uma das companhias mais queridinhas do Vale do Silício deu sinais de que o problema estava apenas começando. 

“Se eu tivesse que apostar, eu diria que pode ser uma das piores crises que vimos na história recente” disse Mark Zuckerberg em uma sessão de perguntas e respostas com seus funcionários em um áudio obtido pela Reuters. 

O CEO da Tesla, Elon Musk, participou do coro, dizendo ter um “sentimento muito ruim” com o mercado. 

Não era novidade para o mercado que as coisas não iam bem. Com a guerra na Ucrânia, extensas pressões no setor energético e países se preparando para aumentar as taxas de juros em uma economia inflacionada, os investidores estavam cada vez mais pessimistas. 

O problema, para o mercado de tecnologia, é que em um cenário desfavorável para a economia global, sofrem mais as startups com exposição quando o assunto é taxas de juros. 

Por isso, apesar da carta que se assemelha como um presságio de Zuckerberg, os intensos cortes no setor não são vistos como uma surpresa para o mercado, já que as companhias tiveram resultados aquém do esperado em um cenário econômico desafiador. 

Entre as centenas de empresas que cortaram funcionários desde o ano passado, estão a Tesla, Google, Microsoft, Uber, Meta, Twitter, Amazon, Airbnb, Yelp, Lyft, Juul, Robinhood, e Cisco. 

A situação também afeta o Brasil, que sofreu uma queda intensa no volume de aportes para as startups. 

Entre as companhias do setor tech que promoveram demissões desde ano passado no Brasil, estão Stone, Loggi, OYO, Pagbank, Loft, Gympass, VTEX e Dock. 


Saiba mais

Meta se prepara para o pior enquanto Zuckerberg avisa funcionários sobre possivelmente uma das “piores crises” da história recente


Fim da era explosiva? 

O mundo viveu um grande período marcado por grandes estímulos e taxas baixíssimas de juros nas principais economias globais. Neste cenário, ativos de maiores riscos, como as criptomoedas e investimentos em startups via Venture Capital (VC), explodiram. 

Não à toa, muitas companhias expandiram em uma velocidade surpreendente através do método Blitzscalling de negócios, também conhecido como “método Uber”. O crescimento era rápido e os aportes eram grandes. 

Com as taxas de juros altas e uma economia se preparando para uma recessão, porém, era esperada a transição de investimentos de riscos para opções mais seguras e menos voláteis. 

É exatamente por este motivo que o Bitcoin (BTC), por exemplo, caiu mais de 40% na comparação anual, assim como uma variedade de criptomoedas. 

A onda de demissões no setor, inclusive, também atingiu as corretoras dos ativos virtuais decentralizados. A Coinbase, desde o ano passado, já demitiu mais de 2 mil funcionários. 

A uma semana de encerrar o mês de janeiro, o volume de demissões (57 mil) já superou o de novembro do ano passado, quando as empresas cortaram 52 mil funcionários. A julgar pelos números e desempenho econômico dos países, que ainda devem ajustar as taxas de juros por um tempo, o triste momento do setor tech ainda não acabou. 


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Juan Tasso - Smart Money

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