Aconteceram nesta quinta-feira (28) as lives de comemoração de 1 ano da Smart Money, seu portal confiável de investimentos.
Foram 365 dias marcados por acontecimentos no mercado financeiro que fizeram a diferença no rumo da história. Tudo isso acompanhado de notícias rápidas, informativas e de boa qualidade.
Você se lembra de tudo que aconteceu em 2021?
Pensando nesse tema complexo, trouxemos dois convidados para lá de especiais para analisarem os principais pontos que marcaram o último ano e o que esperar para 2022.
Às 18h, aconteceu um papo super especial com Jennie Li, estrategista da XP Investimentos, sobre a ‘Retrospectiva de 2021’.
Antes de entrar na XP, Jennie Li foi analista no J.P. Morgan Asset Management em Nova Iorque, onde conduzia pesquisas sobre economia e mercados de capitais globais, responsável por publicações como o Guide to the Markets, nas versões EUA e América Latina. Antes disso, foi analista do J.P. Morgan Private Bank.
Jennie é formada em Engenharia Civil pela Cornell University e é credenciada pelo CFA.
O bate papo foi mediado por Mariana Braga, assessora de investimentos da Messem Investimentos.
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1 ano de Smart Money: as histórias que marcaram o mercado financeiro em 2021
O problema brasileiro é fiscal
“De um dia para outro parece que tudo muda”.
O mercado brasileiro em 2021 foi marcado pela preocupação com a recuperação econômica, situação fiscal e inflação. Ainda no início de 2021, um relatório da XP Investimentos pontuava exatamente esses três aspectos que os investidores deveriam ficar de olho com o passar dos meses.
Para Jennie Li, embora o Brasil tenha apresentado uma leve respirada no início do segundo semestre do ano, com o Ibovespa chegando a registrar máximas históricas, o fim de 2021 foi marcado pela retomada dos três fatores que já amedrontavam o mercado.
“Estamos voltando aos velhos hábitos”.
Para ela, o ponto fiscal brasileiro foi o de maior impacto dos três aspectos. “É crônico”.
É o fator que mais impacta o desempenho do mercado brasileiro e na confiança do investimento estrangeiro. A mensagem passada para o investidor de fora é que existe uma desorganização fiscal.
Diversas crises políticas e fiscais marcaram o ano, como o impasse do Orçamento para 2021, que foi resolvido de uma maneira que não exatamente agradou o mercado, PEC dos precatórios e Auxílio Brasil.
Esses pontos ainda devem influenciar o mercado no início de 2022, já que algumas dessas propostas ainda estão em votações no Congresso Nacional e geram um cenário de incertezas.
A soma dos impasses, risco de rompimento das responsabilidades fiscais e um cenário de dúvidas desfavorecem o desempenho econômico brasileiro. As projeções para o crescimento econômico brasileiro mudaram muito em relação ao início do ano por conta disso.
Vacinação ajudou
“O brasileiro é aberto à vacinação, a gente tem um sistema que funciona muito bem”.
Embora o Brasil tenha sofrido incialmente com o atraso na vacinação da população do país, a boa adesão do brasileiro com a imunização ajudou na recuperação econômica.
Enquanto que em países como Estados Unidos a baixa adesão à vacina trouxe danos nos planos de imunização e recuperação econômica do país, a agilidade brasileira surpreendeu quem possuía uma visão pessimista sobre o assunto.
Com o avanço da imunização, a economia que havia parado em 2020 começa a voltar com força, incluindo a de serviços, consumo, transporte e turismo. A superação da pandemia, que antes parecia um sonho um pouco distante, já é uma realidade palpável.
“Esse é um fator importante. O consumo também voltou, as pessoas estão votando às atividades”, disse ela. “A inflação e problema fiscal, porém, tendem a ser detratores para o consumo”.
Para ela, o cenário atual brasileiro faz com que o horizonte ‘micro’ esteja sólido, com os pequenos empreendimentos se recuperando de um baque de um ano parado. Realidade um pouco diferente do ‘macro’.
Inflação e Banco Central
“A Selic é um acelerador para quando a economia precisa andar, e um freio quando a inflação está subindo muito”.
Para Jennie Li, embora os constantes reajustes nos juros básicos do Brasil por conta da inflação prejudiquem as empresas, é importante ressaltar que o cenário poderia estar muito pior caso o Banco Central (BC) não possuísse autonomia.
O recente cenário de riscos no Brasil, incluindo o risco de furo no teto de gastos e debandada na equipe econômica de Paulo Guedes, provocou uma certa curiosidade do mercado financeiro a respeito das reações do BC no reajuste da taxa Selic. Para a estrategista da XP, porém, a decisão desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) foi moderada.
Atualmente, a Selic está em 7,75%. A elevação foi de 1,5 ponto percentual.
Pandemia e Auxílio Emergencial
“2020 foi um ano atípico. No mundo todo, vimos governos e bancos centrais emitindo dinheiro. Governos dando cheques para as pessoas, e por aqui tivemos o Auxílio Emergencial. Mas tudo fez sentido”.
A pandemia de COVID-19 foi uma das maiores crises sanitárias já registradas na história, e não foi por pouco. Economias inteiras pararam, e mais de 5 milhões de pessoas morreram em todo o mundo pela doença.
Em um cenário marcado pela paralização, foi natural que governos e bancos centrais de grandes economias reagissem com a criação de pacotes de estímulos para a população e a diminuição das taxas de juros para estimularem o crescimento econômico.
Nos Estados Unidos, cheques de US$ 1.200 foram distribuídos para a população, em meio a um pacote trilionário que impulsionou diversos setores da economia norte-americana.
De um modo geral, as economias realmente ‘imprimiram dinheiro’.
“O que chamamos de imprimir dinheiro é a compra de títulos no mercado para manter a fluidez e o bom funcionamento da economia. A gente vai saber se foi um erro ou não depois. No momento de crise, foi o que todos acharam necessário”.
Por aqui, a situação ainda não está normalizada, e o cenário é agravado por um 2022 marcado pelas eleições presidenciais, que acabam provocando ainda mais gastos do governo. Um deles é a implementação do Auxílio Brasil, programa que substituirá e ampliará o Bolsa Família.
“A dúvida é: de onde vamos tirar esse dinheiro?”.
Temporada de resultados
“Nos últimos trimestres de 2021 tivemos surpresas muito boas. O mercado esteve bem pessimista do que aconteceu de fato”.
Para a estrategista da XP, as casas de análises estavam usando uma base de comparação fraca, justamente por conta de um cenário amplamente afetado pela pandemia de COVID-19.
“Trimestre a trimestre, você vê uma progressão, e que tudo está se recuperando”.
Para ela, o que ajuda no bom desempenho do mercado é quanto as empresas surpreendem as expectativas, não apenas os resultados em si. Ela aponta, porém, que o macro continua sendo um fator que pode pressionar os resultados das companhias.
“O mercado é sobre expectativa, ele não olha para trás”.