A temporada de balanços está de volta, e com ela os resultados operacionais do 3º trimestre de 2023, os dados que já estão sendo divulgados desde a semana passada e devem seguir até o fim da primeira quinzena de novembro prometem trazer uma dose extra de volatilidade para o mercado, analistas tentam decifrar os números recentes das empresas e trazem projeções pouco otimistas para esta safra de resultados.
O terceiro trimestre foi marcado pelo início do ciclo de corte da taxa básica de juros pelo comitê de política monetária do Banco Central do Brasil, o tão esperado corte ocorreu em agosto deste ano, quebrando ciclo de taxa crescente que perdurou desde agosto de 2020 quando a taxa de juros atingiu 2% até agosto de 2022 quando a selic atingiu 13,75% patamar que se mantinha inalterado até poucos meses atrás.
Historicamente ciclos de queda de juros são positivos para o desempenho do Ibovespa, no entanto o cenário macro desafiador, pode contrapor essa estatística favorável, a resistência dos bancos centrais de países desenvolvidos em flexibilizar sua política juros, aliado altas taxas de juros de longo prazo e a decepção com tão esperada reabertura da economia chinesa, fizeram com que a projeção dos lucros das empresas para esse ano fosse recentemente revisada para baixo em cerca de 4%.
Olhando para commodities, setor de destaque dentro do índice Ibovespa, a alta de preços dos ativos deve ser compensada pela apreciação real que se valorizou cerca de 7% em relação ao dólar em relação ao trimestre anterior, o que deve impactar principalmente empresas exportadoras.
Sobre o setor financeiro outro setor de grande relevância no índice, o mercado espera crescimento modesto nas principais linhas, principalmente com nas carteiras de crédito, acredita-se em uma melhor performance dos bancos digitais com a continuidade da melhoria na rentabilidade e a realização de ganhos com alavancagem operacional.
O varejo deve apresentar mais um trimestre fraco, com perspectivas para um quarto trimestre de virada no setor dado a base de comparação fraca e melhora marginal do cenário interno, com inflação e juros mais baixos, o mercado espera um crescimento modesto no e-commerce com faturamento ainda fraco e margens pressionadas pela desalavancagem operacional.
Segundo a XP na média das quase 150 empresas cobertas pela casa, espera-se uma contração agregada de cerca de -4% nas receitas ano contra ano, queda de -16% nos lucros operacionais e queda de -27% no lucro líquido, números que podem oscilar com as prévias operacionais.
Como já citei a divulgação dos dados do terceiro trimestre deve ser um componente importante na volatilidade de curto prazo, e mexer muito com os preços das ações, sugerimos que use os dados para otimizar suas projeções e siga fiel a sua estratégia.