Com uma valorização de mais de 4,8% nas últimas 24h, a criptomoeda mais popular do mundo, o Bitcoin (BTC), passou de US$ 66 mil de valor nesta quarta-feira (20) e atingiu o maior valor de sua história.
Nos últimos meses, mesmo considerando a queda de mais de 50% de valor após maio deste ano, a alta é maior de 120%.
A última vez que a criptomoeda havia registrado uma máxima histórica havia sido em abril ainda deste ano, quando a moeda registrou US$ 64,88 mil.
A alta valorização do Bitcoin não é por acaso. Nas últimas semanas, ótimas notícias relacionadas ao mundo blockchain e as criptomoedas marcaram o noticiário financeiro.
Para começar, El Salvador se tornou em setembro a primeira nação a oficializar o Bitcoin como moeda juntamente ao Dólar. Isso significa que, de forma direita, todos os estabelecimentos privados do pequeno país da América Central são obrigados a aceitar a criptomoeda.
Embora a oficialização tenha sido acompanhada por uma intensa desvalorização de 17% no início de setembro, a popularização das criptomoedas como uma moeda comum, e não apenas como um ativo especulativo, sempre é uma boa notícia para os amantes dos ativos digitais.
A liquidação após o momento de incerteza gerado pelo lançamento do BTC em El Salvador é um movimento natural de mercado. Incerteza gera instabilidades, e não há nada que assusta mais um investidor que a imprevisão do futuro.
A principal notícia que pegou o mercado de crypto de surpresa, porém, foi a criação do primeiro ETF de Futuros do Bitcoin na Nasdaq, a Bolsa de Valores de tecnologia de Nova Iorque.
O sinal verde já foi dado pela Comissão de Valores Imobiliários dos EUA (SEC), e o fundo ProShares Bitcoin Strategy ETF ($BITO) já está sendo negociado. Em sua inauguração ontem (19), os volumes de negociações chegaram a bater US$ 1 bilhão.
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Prever o futuro não é o forte do mercado financeiro, especialmente se tratando de criptomoedas. É o sonho de todo amante de crypto que o Bitcoin arrebente a barreira de US$ 100 mil. Muitos, porém, acreditam que a moeda pode sofrer mais uma intensa desvalorização.
É importante ressaltar os principais pontos que provocaram a intensa queda do ativo digital após o mês de maio deste ano, e se esses efeitos devem continuar a partir de agora.
Pouco tempo depois de bater o recorde de US$ 64,88 mil em abril, o Bitcoin chegou a custar menos de US$ 30 mil no fim de julho.
Antes de tudo, é importante ressaltar que, embora a volatilidade do mercado de Bitcoins possa ser bem diferente do mercado “usual”, inúmeros fatores que marcam o mercado financeiro global também atingem as criptomoedas.
Durante este ano de recuperação da pandemia e da aplicação de medidas de mitigação dos efeitos negativos, investidores de todo o mundo sentiram uma ansiedade perfeitamente justificável com as taxas de juros nas principais economias globais.
A lógica é simples de entender: os Estados Unidos, por exemplo, injetaram trilhões na economia do país para auxiliar a população e realizar gigantescos planos de infraestrutura. Com a alta dos preços, que é previsível, a Federal Reserve (Fed) norte-americana assegurou o mercado que as taxas baixíssimas de juros só iriam começar a subir em 2022.
Em setembro, porém, assim como em outros meses, a inflação dos Estados Unidos ficou acima do esperado, subindo 0,4% e acumulando alta de 5,4% nos últimos 12 meses.
O cenário de incertezas quanto às taxas de juros pressionou o mercado global, panorama que provavelmente influenciou a queda do Bitcoin durante o segundo semestre do ano.
A China não ajudou
Outro fator que intensificou a queda de valor do Bitcoin nos últimos meses foram as constantes pressões regulatórias da China.
O país nunca teve uma relação saudável com a criptomoeda, o que já provoca quedas substanciais nos últimos meses, mas uma decisão recente dos órgãos regulatórios do país vermelho provocou um divórcio total do dragão chinês com o mundo crypto.
Em setembro, o Banco Popular da China (PBOC) anunciou que todas as operações relacionadas a mineração e negociação de qualquer tipo de ativo digital estavam estritamente proibidas para todos os cidadãos, comércios e empresas do país.
Além disso, fica proibido também o uso de corretoras fora do país para a realização de operações relacionadas às criptomoedas.
As intenções da China, porém, não são tão superficiais quanto parecem. O país se prepara para o lançamento de seu próprio ativo em blockchain: o Yuan Digital.
Diferente das criptomoedas, que são decentralizadas e sem possibilidade de rastreio, o Yuan Digital deve ser um ativo digital emitido pelo PBOC e com a disponibilidade de uso em todo o país.
Foto: Reuters / Reprodução